top of page

A breve missão de Djonathan

“A doação de órgãos é o ato mais bonito que alguém pode fazer pensando no próximo. Nós não perdemos o Djonathan, a missão dele era essa: salvar outras vidas”, refletiu emocionado o aposentado Moacir Kamer, de 59 anos. O único sentimento agora é de saudade do neto, o pequeno Djonathan Eduardo Klitzke, vítima de um desmoronamento que aconteceu em Guaramirim, há dois anos.

 

As enchentes de 2014 foi uma das mais devastadoras em todo o Estado, mas principalmente para a família de Valmir e Josi Klitzke. Na época, o casal perdeu o primogênito Djonathan, que este ano completaria 10 anos de idade. Mesmo com a dor da perda, eles decidiram doar os órgãos do filho, decisão esta que hoje conforta o coração da família.

 

Na manhã de domingo, dia 8 de junho daquele ano, a chuva caía na região e parecia que não ia cessar tão cedo. Na casa dos Klitzke estava tudo tranquilo; ninguém poderia imaginar que este seria o dia mais catastrófico da vida deles. Quando se deram conta, estavam todos em meio aos escombros da própria casa.

Foto: Arquivo Pessoal

O deslizamento aconteceu entre as ruas Maria Zastrow e Waldir Prüce por volta das 6h de domingo. Valmir Klitzke, de 33 anos na época, estava no quarto, deitado com os dois filhos Djonathan, 8, e David, de 3 anos. Já a esposa Josi, 33, havia subido para o segundo piso da garagem, onde tinha uma confecção.

 

O muro de contenção que havia nos fundos da casa da família não resistiu à terra encharcada e cedeu. “A minha filha ouviu o barulho do desmoronamento, foi atingida e ainda conseguiu ligar para os bombeiros e pedir socorro”, lembra Moacir. O genro Valmir e o neto David sofreram ferimento leves, enquanto a filha Josi fraturou o fêmur – passou por uma cirurgia – e ficou internada no Hospital São José. Já Djonathan foi encaminhado com urgência pelo helicóptero da Polícia Militar, ao Hospital Infantil Dr. Jeser Amarante Faria.

 

Ele não resistiu e morreu em uma terça-feira, dia 10 de junho, assim que confirmada a perda dos fluxos cerebrais, ou seja, a morte encefálica e a família decidiu pela doação dos órgãos. “Doando os órgãos ou não iríamos viver com a perda, mas isso faz com que amenize a dor, pois sabemos que outras vidas foram salvas”, diz a avó dos meninos, Audilia Nicochelli Kamer, de 46 anos. A retirada dos órgãos foi feita no dia seguinte, e em seguida o sepultamento do menino. Foram captados o coração, dois rins, fígado e as córneas.

 

Hoje, o coração de Djonathan bate no peito de uma menina de 12 anos, que mora em Curitiba, enquanto as córneas dão visão para uma mulher de Araranguá. “Antes de sairmos de casa para o enterro do nosso neto, recebi uma ligação de Curitiba, que nos emocionou muito. Era um homem, que se identificou o tio da menina que recebeu o coração do Djonathan”, contou o avô emocionado.

Fim dos desastres

Esta havia sido segunda vez que a família viu a casa ser destruída. A primeira foi na época de fortes chuvas que resultaram nas enchentes de 2008. Felizmente ninguém estava em casa no momento do acidente. No mesmo ano, foi construído um muro de contenção para que a família pudesse viver no local em segurança. “Mas não adiantou. A terra não só chegou a destruir a contenção como passou por cima dela. Foi um desastre”, explicou Moacir Kamer.

 

Hoje a família de Djonathan está bem e recuperada fisicamente. Continua morando em Guaramirim, mas em outro bairro, para ficar longe dos riscos e tentar superar a falta da felicidade que o menino faz.

Foto: arquivo/Jaraguá AM
bottom of page