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O amor que resgata q

Joaquim viveu durante um ano e um mês e o que ele deixou foi a certeza que o amor, a amizade e o olhar ao próximo são as maiores dádivas da vida!

 

Cátia Regina Bansen nunca quis ter filhos até encontrar uma paixão extraordinária em 2014. Depois de dois meses de namoro, ela descobriu que estava esperando seu primeiro filho e único filho: o Joaquim. Aos cinco meses de gestação ela descobriu que o seu pequeno com nome de anjo, sofria de hidrocefalia, que é uma doença caracterizada pelo acúmulo anormal de líquido dentro do crânio, levando ao inchaço e aumento de pressão no cérebro.

 

Os médicos explicaram que a criança poderia morrer durante a gestação ou no parto, e se sobrevivesse seria por poucas semanas. “Todo mundo me aconselhou a tirar (abortar), mas isso não passava pela minha cabeça”, lembra Catia. O pequeno Joaquim nasceu com oito meses de gestação, e foi o primeiro choro que fez com que ela tivesse certeza de que fez a coisa certa em insistir na sobrevivência daquele pequeno ser.

 

“A maior felicidade da minha vida foi ouvir o choro dele durante o parto. Era um sinal tinha dado tudo certo. Naquele momento eu o agarrei e nunca mais larguei”, relembra.

 

O primeiro mês da vida de Joaquim foi na UTI. Ele nasceu apenas com 1,5 centímetros de cérebro e os profissionais não sabiam explicar como havia sobrevivido. Catia saiu do hospital sabendo que o filho poderia ter dificuldades extremas de desenvolvimento, mas não foi o que aconteceu.

Foto: Arquivo Pessoal

Ele cresceu, ganhou peso e com ajuda de fisioterapia tinha os movimentos motores completos. Mesmo com muitas dificuldades financeiras e sem ajuda do pai de Joaquim, Cátia e o filho foram superando todos os obstáculos e viveram felizes até Janeiro de 2016.

 

A abertura na parte de trás da cabeça do pequeno ainda não havia se fechado com o osso do crânio. E, em uma tarde de terça-feira, Joaquim acordou da soneca da tarde passando muito mal e foi levado ao Hospital Materno Infantil Dr. Jeser Amarante Faria. Depois de passar o dia em observação ele teve uma parada cardiorrespiratória do colo da mãe e dali foi entubado.

 

Na quarta-feira, o Neurologista que acompanhava Joaquim desde o nascimento disse que ele não iria mais aguentar. “Nesse momento bate o desespero. O médico do Hospital Infantil disse que ele ainda tinha 1% de chance e foi nisso que me apoiei e acreditei até o último minuto”. Na noite de quinta-feira, foi confirmado o primeiro teste de morte encefálica. A morte foi confirmada só no sábado depois dos quatro testes obrigatórios.

 

“E aí o mundo cai. Mesmo sabendo da morte encefálica, eu via meu filho ali quentinho, e se mexendo, mas era o reflexo de Lázaro” - Catia Regina Bansen

 

No dia 23 de janeiro de 2016, às 10h11 (mesmo horário que nasceu), Cátia assinou os papéis que autorizavam a retirada dos órgãos de Joaquim. O que sabe é que os rins salvaram a vida de outra criança.

Doar faz bem

O processo de doação foi além do órgãos. Uma semana depois Cátia cortou os cabelos – que mantinha comprido desde os 12 anos - e doou para uma campanha que faz perucas para crianças com câncer. As roupas e os brinquedos também foram doados, assim como o leite. “Eu queria aliviar minha dor de alguma forma. Doar os órgãos já ajudou bastante, porque sei que meu filho salvou a vida de alguém”.

 

Hoje ela tenta conviver com a ausência das risadinhas gostosas, do olhar azul como o mar e dos abraços do pequeno Joaquim. Apesar da falta que dói e aperta o peito todos os dias, Catia se apoia na reflexão de que muitas pessoas foram beneficiadas com as doações e que o filho veio para ensinar e mudar a vida das pessoas à sua volta. “Me tornei uma pessoa diferente e melhor por causa dele e fui muito feliz enquanto ele esteve ao meu lado”, finaliza.

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